"DEIXAI  OS  MENINOS ...  VIR  A  MIM"

Mateus 19:13-15

I a) Espalhou-se a notícia de que um homem com aparência santa, aproximava-se dos termos da Judéia, além do Jordão, e que essa figura singular e misteriosa realizava milagres. Enfermos eram curados, crianças abençoadas e que também pães e peixes eram multiplicados. Resultado: uma grande multidão acorreu para encontrar o Mestre. Pessoas curiosas, enfermos, desanimados, astutos fariseus e desprezados publicanos. Juntou-se à massa humana ali presente um grande grupo de crianças de todas as idades sequiosas de receberem a bênção dAquele amável Mestre, que se dizia procedente dos Céus.

A multidão se acotovelava para chegar mais perto da admirável pessoa de Jesus. Crianças de mãos dadas às suas mães, conseguiam se aproximar de Cristo, cercado pelos apóstolos.

Os discípulos imaginando agradar a Cristo, repreendiam as mães e procuravam afastá-las, tencionando mandá-las de volta aos seus lares. 

Cristo indignado com aquela atitude arrogante e incompreensível dos Seus auxiliares disse: "Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus."

b) Jesus ama as crianças de todas as idades, quer abençoá-las e salvá-las.

c) Tendo repreendido os apóstolos, tomou-as nos braças e as abençoou dirigindo palavras de conforto e apoio às mães presentes, animando-as na continuidade dos seus trabalhos diários, orientando os seus dependentes, com carinho e compreensão.

II a) A esta altura do nosso assunto, alguém poderá estar se perguntando: Por que motivo relatar este fato ocorrido a quase dois mil anos? Isso representa alguma coisa para mim? Deixemos que o Espírito de Profecia responda:

"Quando Jesus disse aos discípulos que não impedissem as crianças de ir ter com Ele, falava a todos as Seus seguidores, em todas os tempos – aos oficiais da igreja, aos ministros, auxiliares e todos os cristãos." – O  Desejado de Todas as Nações, pág. 517.

b) Se isso é verdade, a responsabilidade dos pequeninos repousa sobre as pais, professores, oficiais de hoje e cada Adventista do Sétimo Dia.

III a) Vamos discutir alguns itens vitais na realização dessa urgente obrigação delegada a nós todos.

b) O que você acha, o que você pensa, o que você imagina, isso pode ser até considerado, mas, vejamos o que diz o Senhor, o que diz a experiência, o que ensina a vida.

c) Nós temos um simpático grupo de seres humanos (talvez 30% de nós) que denominamos menores, são meninos e meninas de poucos dias até aos 16 anos. Irrequietos, dependentes.

d) Esse contingente irrequieto, dependente, essencialmente carente, de todo o nosso apreço, a nossa madura experiência, a nossa segura orientação, nosso nobre exemplo e sobretudo o nosso amor cristão. Donos desses sentimentos conseguiremos imprimir na vida desses menores o verdadeiro sentido da eternidade.

e) Quando Jesus disse “Deixai vir os meninos a Mim” (Luc. 18:16), é "como se quisesse dizer: 'Eles virão, se os não impedirdes'." – O Desejado de Todas as Nações, pág. 517

f) Existem dramáticas experiências sofridas por pais que não acreditaram nas forças espirituais desses pequenos, na decisão infantil, mais sagrada, dessas crianças. Esses pais menosprezam o trabalho do Espírito de Cristo no coração juvenil e na mente infantil desses cordeirinhos do rebanho do Senhor. Resultado: O tempo fez com que esses pais derramassem lágrimas de dor e passarem momentos de angústia e aflição, buscando a confiança espiritual desses menores; em muitos casais já era tarde demais!

g) No entanto nos convém invocar o Nome do Senhor e unir esforços para salvarmos ainda muitos deles, "porque dos tais é o Reino de Deus".

h) O Pastor Pierson relatou a seguinte experiência: Ele dirigiu anos atrás um Semana de Oração em um dos nossos colégios. Pouco antes da primeira reunião, um pai veio ao pastor com uma profunda preocupação: "Por favor, faça o que puder por minha filha esta semana", ele apelou: "ela ainda não se batizou e está com dezoito anos".

O pai fez uma pausa e então continuou: "Quando Linda tinha nove anos quis ser batizada, mas sua mãe e eu nos opusemos, porque achávamos que era demasiada jovem. Não fomos nada sábios, e muito menos pacientes em explicar isto a ela, e apagamos a pequena chama de amor a Jesus que se acendera em seu coração.

"Nunca mais ela expressou o desejo de unir-se à igreja. Por favor, fale com ela e procure ajudá-la em sua decisão".

Havia lágrimas em seus olhos e a sua voz estava embargada por soluços. Ele ansiava por sua filha abrir o coração a Jesus e segui-la em completa obediência.

Conta Pierson que, movido pelo Espírito Santo, conseguiu muitas decisões naquela semana de oração, inclusive a jovem Linda respondeu aos apelos, foi batizada e terminou o curso no colégio, e por muitos anos se tornou Obreira na causa do Mestre.

i) Nós poderíamos perguntar: Com que idade deve uma criança entregar o coração a Jesus e preparar-se para o batismo? Ellen White responde: "Deus deseja que toda criança de tenra idade seja Seu filho, seja adotada em Sua família"

j) Eu vou repetir aqui uma estatística que colocamos em outro livro nosso.

Vejam:

A   IDADE   PARA   BATISMO

  9 .........   3,7% ...............   180

10 .......     8,3% ..............    405

11 .......   10,2%..............      498

12 . .....   20,6% .............  1 .006

13 .......   13,0%..............      635

14 .......   12,8%..............      625

15 .......     7,0%...............     342

Notem: De 4.882 juvenis, somente 3.691 foram batizadas. Outros 1.191 juvenis não foram batizados.

Aqui são apresentadas as porcentagens, segundo a idade da geração jovem da igreja, que foram batizadas.

25% Nunca aceitaram a Cristo

25% Apostataram

50% da juventude A.S.D, permanece na igreja.

"É um grande erro permitir que as crianças de nossas Escolas Sabatinas cresçam sob a influência de uma religião formal, sem levá-las a uma decisão em favor de Cristo".

"Ao menos duas vezes por ano devem ser realizadas reuniões especiais do Dia da Decisão. De preferência quatro: uma em cada trimestre." – Manual da Escola Sabatina.

k) Leia com atenção e medite nas palavras destes "versos brancos".

ONDE  ESTARÃO  AS  MINHAS  CRIANÇAS?

Vocês viram algures, um esguio rapazinho e uma encantadora mocinha de quatro anos?

Ainda hoje, descalços e bronzeados,

brincavam ao lado da porta de minha cozinha.

Foi ainda hoje, – ou talvez já faça um ano,

mas não pode ser vinte, eu sei!

Chamavam-me para que os ajudasse nos brinquedos.

Eu estava demasiada ocupada para atendê-los,

ocupada varrendo e tirando o pó,

e eles silenciosamente foram embora.

Se vocês ouvirem de um esbelto rapazinho

e de uma cativante mocinha de 4 anos,

suplico-lhes, me contem!

Para encontrá-los de novo eu viajaria o mundo todo.

Em algum lugar, eu sei, eles estado brincando,

e se me estiverem chamando para sair e ajudá-los,

ó digam-lhes, eu peço, que já estou indo,

o mais depressa possível, pois não haveria casa

que me detivesse hoje, pudesse ouvi-los

chamar para participar dos seus brinquedos.

"O tempo e a sorte pertencem a todos". Se nós fizermos tudo de acordo com as "nossas forças", escudados e ajudados pelo poder de Deus, na força do Espírito Santo, tenhamos alcançado vitórias eternas.

l) "Jesus em Seus ensinos, descia ao nível deles. Ele a Majestade do céu, não desdenhava responder-lhes as perguntas e simplificar Suas importantes lições, para lhes atingir a infantil compreensão. Implantava na espírito delas as sementes da verdade, que haveriam de brotar nos anos vindouros, dando frutos para a vida eterna." – Conselhos aos Pais e Professores, pág. 151.

IV a) Queremos fazer algumas perguntas agora, prestem muita atenção:

1 a) Você ama o seu filho, a sua filha com profundidade? Isso você pode saber com facilidade! Em regra amor retorna: "Amor com amor se paga". Existem poucas exceções a essa regra.

1b) Um pai procurou o pastor e disse: "Reverendo, o meu filho está por demais rebelde na igreja. O que eu deva fazer?" A resposta do pastor foi concisa:

- Ame-a mais do que tem feito até agora.

- Como assim, interrogou o pai aflito!

- Caminhe mais ao lado dele. Quando ele crescer no amor do pai carnal ele crescerá no amor do Pai espiritual.

2a) Quanto estamos investindo nas nossas crianças como pai e igreja?

2b) A minha filha tinha seis anos quando pediu: "Papai eu quero uma Bíblia e um hinário". Eu não perguntei: Você sabe ler? Ela ainda não sabia ler, mas já tinha desejo de ter os livros da igreja. O irmãozinho de quatro aninhos acrescentou: "Se o senhor der uma Bíblia e um hinário para ela, eu também quero." Os dois receberam os livros e na hora do culto eles usavam o hinário para cantar e a Bíblia para ler. Na maioria das vezes os livros estavam de cabeça para baixo, mas já eram usados pelos dois.

O tempo passou, hoje os meus filhos já têm idade adulta. Neste momento que escrevo este assunto, o mais novo que já tem também um filhinho, está no exterior. Nós fomos visitá-lo e falarmos do novo hinário que saiu e ele disse: "Papai, não esqueça de me mandar pela correio o novo hinário que saiu."

2c) Se nós tivéssemos negado aos meninos os livros que eles queriam é possível que hoje ele não se sentisse encorajado a solicitar o novo hinário, trinta anos depois.

2d) Quanto nós investimos o ano passado com as nossas criancinhas?

As professoras vão para a frente na hora dos anúncios e angustiadas apelam por uma contribuição, a fim de adquirirem os materiais ilustrativos, para o ensino nos Departamentos, muitas vezes a resposta em vez de uma grande oferta, vem algumas esmolas. Será que amamos o bastante as nossas crianças?

3a) Prestar cultos a Deus! Essa realidade acontece em nossas casas e igrejas?

3b) Deus disse a Noé: "Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração." Gênesis 7:1.

3c) Da qualidade da arca e da fé de Noé, dependeu a entrada dele e toda a sua família para aquele grande barco.

3d) A Sra. White diz: "Noé gastou tudo o que tinham na construção daquela embarcação" e ainda trabalhou ali com os filhos cento e vinte longos anos. Quando tudo estava pronto, vejam o que aconteceu: "... e Yahweh fechou a porta por fora". Gênesis 7:16 ú.p., Bíblia de Jerusalém.

3e) Diz a senhora White: "A advertência de Noé tinha sido rejeitada pelo mundo, mas de sua influência e exemplo resultaram bênçãos para a sua família. Como recompensa de sua fidelidade e integridade, Deus salvou com ele todos os membros de sua família. Que animação para a fidelidade paternal! – Patriarcas e Profetas, pág. 98

3f) "A porta maciça, que era impossível àqueles que dentro estavam fechar, girou vagarosamente ao seu lugar por meio de mãos invisíveis. Noé ficou encerrado, e os que rejeitaram a misericórdia de Deus, excluídos." – Idem.

3g) Se nós fizermos com dedicação, oração e fé a nossa parte, Deus se encarrega de fechar a "porta da arca" que nos separa do mundo perdido.

3h) Lemos ainda em Gênesis 8:15-20 que Deus ordenou a Noé sair da arca com seus filhos e com tudo o que estava em sua companhia. O primeiro ato de Noé ao sair, foi: "Levantou Noé um altar ao SENHOR." (verso 20).

3i) A Terra estava desolada e vazia. "Tudo o que havia no seco, morreu." Noé com seus filhos e pertences estavam ali agradecendo a Deus, ao redor do altar.

3j) Lemos ainda em Gênesis 9:1 – "Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra.

3k) A família reunida ao redor do altar do Senhor, Deus abençoa.

Quando nós reunimos as nossos filhos e realizamos em casa os cultos matutino (pela manhã) e vespertino (pela tarde), podemos ter certeza que o Espírito de Deus estará presente, e que os anjos do Senhor acamparão ao redor de nossa casa.

3l) Tornemos esses momentos agradáveis e interessantes; esse culto não deve ser muito prolongado, mas conciso e alegre. Sendo possível deixem as crianças também participarem, falando um versinho, cantando e orando.

3m) Não nos esqueçamos: só colhemos o que semearmos, sendo boa a semeadura os frutos serão bons.

V a) Antes de concluirmos, citemos alguns exemplos: Nós conhecemos igrejas e famílias no mais distante sertão do Brasil que, integrados em humildade e louvor a Deus conseguiram resultados notáveis. O tempo não conseguiu apagar a memória religiosa de centenas dos filhos e netos desses lares cristãos e dessas igrejas interessadas em seus filhos.

b) Essa realidade não acontece só no Brasil, mas em todas as partes do mundo. Grandes missionários surgiram de lares cristãos e de pais que oravam.

c) Diz-se que Tiago Taylor, no dia do seu casamento, a noiva o esperava no altar, ele estava numa sala ao lado e orava: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor". Anos no futuro surgiu naquele lar, Hudson Taylor, o mais famoso missionário na China pagã.

d) Outro grande missionário João Paton, testemunhou: "Eu creio que as orações e o exemplo do nosso pai foi a causa de eu me tornar missionário entre os canibais do Pacífico".

e) Veja esta revelação da Sra. White: "Nasci em Gorham, no Estado do Maine, a 26 de novembro de 1827. Meus pais Roberto e Eunice Harmon residiram por muitos anos nesse Estado. Já em sua infância tornaram-se membros fervorosos e dedicados da Igreja Metodista. Eles desempenharam naquela igreja, papel saliente e trabalharam durante um período de quarenta anos pela conversão de pecadores e em prol da Causa de Deus. Durante esse tempo tiveram a alegria de ver seus filhos, em número de oito, convertidos e reunidos no aprisco de Cristo." – Vida e Ensinos, pág, 13.

f) Notem os irmãos, todos os exemplos citados, mencionaram o poder da fé dos pais e o apoio da igreja a serviço dos seus filhos.

h) Jesus fez uma curiosa pergunta aos escribas e fariseus: "Pois qual é maior: o ouro ou o santuário que santifica o ouro?" Mat. 23:17.

i) Hoje nos perguntamos: O que é mais importante, o nosso ouro(comodidade) ou o nosso templo (as nossas crianças)?

j) Anos atrás eu cheguei a uma igreja para fazer umas reuniões. Eu dirigi a reunião dos professores. Foram proveitosos aqueles momentos, logo a seguir a Escola Sabatina começou na hora certa e com a quase totalidade de seus membros. Aquela igreja era bastante animada e próspera. Quando terminou a Escola Sabatina as crianças deveriam entrar com cântico do conhecida hino: "Vinde meninos, vinde a Jesus". O Diretor da Escola Sabatina anunciou: "Vamos cantar o hino 458 Vinde meninos, só que hoje as crianças não vão entrar, porque hoje é um dia especial de congresso e vai faltar lugares para os adultos. As crianças ficarão de fora hoje".

Eu era o responsável por aquele congresso e também o Departamental das Escolas Sabatinas daquele Campo. Eu me levantei e pedi a palavra e disse: "Sem as crianças, não tem congresso aqui hoje", e disse mais: "Não podemos cantar o hino anunciada Vinde meninos, porque senão estamos fazendo um anúncio enganoso, ao cantarmos Vinde meninos, mas não venham.

Aqueles irmãos envergonhados reconheceram que aquela decisão de impedir a entrada dos menores não só era discriminatória, como anticristã. As crianças que já haviam sido avisadas, entraram na igreja como ovelhinhas assustadas.

Esse assunto é muito vasto e importante, no próximo sermão veremos: "Dos tais é o Reino de Deus", a continuação do tema: "Vinde Meninos".