DOS  TAIS  É  O  REINO DOS  CÉUS

S. Lucas 18:15-17

I a) Corria o ano de 1965, no final daquele ano, fomos transferidos para uma igreja na cidade do Rio de Janeiro. O presidente do campo me apresentou à Igreja numa quarta-feira à noite e continuou a sua viajem pelo estado. No sábado eu estive presente na reunião dos professores, visitei os vários departamentos, e parte da Escola sabatina.

Os anciãos daquela Igreja prepararam a plataforma e nós seguimos para o Culto Divino; aquele dia para mim foi sem graça, descorado e de pouca inspiração, porque eu percebi que as crianças não faziam parte do Culto Divino, ficavam lá no salão da escola por algum tempo, depois os mais velhos e os juvenis, saíam pelas ruas num passeio com o seu líder, que aliás, era um advogado.

Após o Culto eu marquei uma reunião com todos os pais e oficiais da Igreja. Só aí fiquei sabendo que "eles" achavam que as crianças perturbavam os trabalhos do Culto, e incomodavam os seus pais.

O assunto estava tão sério que algumas "mães", disseram que não assistiriam o Culto se os seus filhos fossem permitidos a entrarem na Igreja, que ficava no segundo piso. Eu destemidamente e com auxílio divino procurava convencê-los de que aquilo estava contra a nossa filosofia religiosa; argumentei que os filhos segundo nos ensina o Espírito de Profecia, devem se assentar na Igreja, ao lado dos pais. Uma mãe mais exaltada acrescentou: "Se isso acontecer, eu não vou assistir o Culto." Eu disse: "Lamento, mas o seu filho vai assistir o Culto ao lado de outros pais."

Finalmente Deus ajudou, aquela Igreja vibrava com as crianças lá no segundo piso do Templo. Antes de ser transferido daquele Distrito, aquelas pessoas mais opositoras dos menores, eram as mais entusiasmadas com as crianças.

b) Quando analisamos o que Jesus disse em S. Lucas 18:17: "Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, não entrará nele."

Concluímos que na verdade não as são crianças que devem se portar como adultos, mas os adultos portarem-se e inspirarem-se nas crianças, e receberem o Reino de Deus; tornarem-se crianças espirituais.

c) Muitas vezes nós estamos interessados, em saber: Quem será o Presidente do Campo? O Diretor dos vários Departamentos da Associação? O nosso ancião da Igreja? A diretora das Dorcas? Em suma, quem será o "eleito"?

d) Essa preocupação realmente é milenar.

Vamos ler em S. Mateus 18:1-6. 

II Vejam estes importantes itens:

1° item. "Os discípulos estavam preocupados em saber quem seria o líder, 'o maior', o dirigente do novo reino que seria fundado."

1a) Quem sabe Pedro, o mais ousado, andava com uma espada na cintura, e não era para enfeite, era para usá-la no momento propício. "Cortou a orelha do servo do Sumo sacerdote." João 18:10

1b) Quem sabe Judas "o Ministro da Economia" o "tesoureiro" do grupo.

1c) Quem sabe João chamado "o filho do trovão".

1d) Quem sabe o corajoso Tiago, morto ao fio da espada tempos depois?

1e) Não. O líder não estava entre eles, mas, como eles perguntaram agressivamente a Jesus, quem seria o líder? O maior? Cristo ia apresentar o "líder", e o fez na maior tranqüilidade.

Leiamos S. Mateus 18:2: "E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles.

a) O que? Um garoto? Um juvenil? Um menino? Isto chocou os apóstolos;

-         Derrotou a valentia de Pedro;

-         Esmagou a ambição de Judas;

-         Paralisou o trovão João;

-         Emocionou o valoroso Tiago.

1f) Sim, continuou Jesus dizendo: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."

2° item – Por que o menino, colocado no meio deles seria o maior?

2a) Pela sua pureza de intenção. A malícia, a sagacidade, a esperteza não povoam o caráter das crianças. Elas são "simples como as pombas".

Transparentes como os ribeiros de águas claras, vingativas como as nuvens ligeiras. As crianças são amorosas, quando uma chora a outra se abraça a ela, e choram juntas. Não se odeiam nunca. Desentendidas, apenas por poucos instantes, logo começam a trocar brinquedos.

2b) "Para ser grande no reino de Deus, é preciso ser como criancinha, em humildade, simplicidade de fé e pureza de amor." – Ciência do Bom Viver, pág.427.

2c) Vejam: Mariazinha foi até a padaria próxima buscar pão para o seu pai tomar café. Isso ela fazia cada manhã. Naquele dia a chuva cavou um buraco junto a grade do esgoto da rua. A garotinha vinha desapercebida, e tropeçou naquela vala. O dinheiro escapou da sua mão, e rolando foi grade a dentro. Por mais que tentasse a meninazinha não conseguia tirar o dinheiro de dentro do esgoto; sentou-se no meio-fio e começou a chorar.

Dona Amélia preocupada com a filha que demorava, pediu ao Joãozinho, filho da vizinha para ir até a padaria saber aonde a garotinha estava. O garoto foi alegremente em busca da amiguinha.

De longe viu que ela estava chorando muito, sentada na calçada. Ao aproximar-se a meninazinha chorou mais forte, o que comoveu o amiguinho, que se assentou ao lado dela e começou a chorar também. "Chorai com os que choram", só as crianças conseguem isso.

Depois de chorarem bastante eles se deram as mãos e voltaram ligeiro para casa. "Joãozinho, perguntou a mãe de Amélia. Por que vocês demoraram tanto? A padaria é bem próxima daqui." E o garoto respondeu: "Eu estava ajudando a Mariazinha." "Ajudando a fazer o quê?" "A chorar", foi a resposta.

Só as crianças repito, é que podem chorar com os que choram, e rir com os que riem. Isso é um reflexo do divino.

2d) "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus", afirmou Jesus.

3° item – Pergunto: O que caracteriza ainda a criança? Respondo: Sinceridade de propósito: quando uma criança diz a outra "o meu pai é mais forte do que o seu", ela não quer desmoralizar o pai da coleguinha, simplesmente diz isso porque ama desesperadamente o pai, e para ela, o pai é a pessoa mais bonita, mais forte, mais poderosa. Ela acredita nisso sinceramente e tranqüilamente expressa o seu sentimento.

3a) "Se você fosse sincera, oh! oh! que bom que era", repetem os cantores de hoje, essa frase cinqüentenária.

3b) Os adultos maliciosamente enceraram tudo, camuflaram as coisas, esconderam a verdade, perverteram o amor, escureceram as virtudes, cegaram a justiça. O homens honestos sentem vergonha de serem sérios. Os homens bons temem agir direito, a "virgindade" se tornou atraso e alvo de críticas, e maledicências, o certo está errado, e o errado está certo!"

3c) "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." Isso foi Jesus que disse.

3d) Certamente o Divino Mestre estava ensinando aos seus apóstolos a necessidade do retorno, a volta à antiga pureza, ao mandamento antigo do amor. I João 2:7.

3e) A velhice religiosa dos judeus, tornava os seus adeptos caducos espirituais, e os discípulos também estavam em estado deteriorado, velhos espirituais, doentes.

3f) Lamentavelmente os princípios religiosos judaicos amadureceram apodrecidos, semelhantes àquelas frutas muito tocadas, que amadurecem apodrecidas.

3g) Os apóstolos, por estarem na presença de Jesus, imaginavam terem ascendida, subido pela escala espiritual, a ponto de todos se acharem "maiores espirituais", candidatos às altas funções do reino vindouro.

A verdade porém expressa por Cristo era começar lá no primário, aonde estavam os puros, os sinceros, os humildes, as crianças, "os tais do reino de Deus".

4° item – Leiamos Mateus 18:5-6 – Ao meditarmos nestes versos, nós ficamos constrangidos, forçados a aceitar a dura teoria expressa pelo Rei do amor, Jesus, condenando o réu à pena máxima "pendurar no pescoço" uma pedra gigante de moinho, "e fosse afogado na profundeza do mar."

4a) Estaria Jesus, que Se dizia ser "a verdade e a vida", que veio para trazer a "vida em abundância", ressuscitava os mortos, estaria Jesus sentenciando o transgressor a cometer suicídio – a dar a morte a si mesmo?

4b) É isso mesmo que nós lemos em Mateus 18:6. É a pena máxima, é a morte física e espiritual, levadas pela grande pedra de moinho da vida – o pecado, às profundezas dos mares, aos infernos das trevas.

Atenção para o que vamos dizer agora:

4c) Na qualidade de Adventistas do Sétimo Dia, militantes da verdade, membros da igreja do último período profético – Laodicéia, que somos e professamos, acredito estarmos profundamente interessados em saber que mal, que pecado, que transgressão é essa que leva a pessoa ao suicídio físico, moral, espiritual e eterno.

4d) Leiamos novamente a alegação feita por Jesus, acompanhada da sentença de morte, registrada em S. Mateus 18: 4-6.

Consideremos:

1°) No verso 4, Jesus apresenta a humildade como paradigma, como padrão, para a maior idade espiritual e o modelo vivo da humildade, foi representado por um menino que cria em Jesus (v.6).

2°) No verso 5, Jesus revestiu o menino com Sua justiça e torna-o objeto de respeito, consideração e de missão, dizendo: Quem receber um menino do tipo daquele, escolhido por Jesus, recebe o próprio Cristo.

3°) No verso 6, Jesus não condena, aqueles que desconhecem ao menino, à pena de morte, mas, lamentou no (verso 5) que quem desconhecera um pequenino é desconhecer a Cristo.

3a) O fato no entanto se reveste de grande responsabilidade e fatal condenação, quando esse menina é "escandalizado".

3b) Vamos abrir aqui um pequeno parêntesis para definirmos algumas palavras chaves deste verso:

a) Escândalo: Mau procedimento, mau exemplo, ato reprovável.

b) Escandalizar: Causar escândalo a: ofender, melindrar, maltratar, proceder mal. Acrescentaríamos: desassistir, omitir-se a ajudar a esse menino apresentado por Jesus, como símbolo da humanidade viva.

3c) Comentando o que Jesus declarou nos (versos 4-6) dizemos: "Quem escandalizar", melindrar, desassistir, maltratar, omitir-se quanto aos cordeiros de Cristo, não só deixa de prestar serviços a Deus, mas pelo mau exemplo, censurável comportamento, atraiu sobre si uma fulminante sentença de morte.

III a) Diante de tudo o que dissemos, a mais importante pergunta é esta: Onde estão os meninos de Jesus?

Respondemos:

1a) Em primeiro lugar, na sua própria casa! Aquele garotinho que lhe observa atento, que acredita em você, que espera por você, ouve tudo e vê tudo acerca de você, mas, tímida e mansamente se cala, se curva, se prostra!

1b) Essa figurinha que segue os seus passos, acompanha a sua alegria, presencia a sua dor consternado, que ouve dos seus sucessos, assiste aos seus prazeres e que entende pouco sobre tudo isso.

1c) Esse garotinho, essa garotinha que "tudo crê, tudo sofre, tudo espera". Que estende os bracinhos confiantemente em sua direção, esses pequeninos seres, são os motivos do amor de Jesus.

1d) Você ensinou os seus filhos a amá-lo. Quanto mais ele se afeiçoar a você tanto mais amará o Pai Celeste. Quanto mais ele confiar em você, ele confiará na mesma proporção no Pai Eterno. Quanto mais esse pequeno ser aprender do Pai da Terra, entenderá o Pai do Céu.

1e) Que responsabilidade! Que oportunidade! Orem com eus filhos, ensinem eles a crer em Deus, mostrem a eles as abras de Deus. Falem a verdade, tornem-se amáveis, evitem qualquer tipo de discussão, afastem toda futilidade. Não esqueça que você hoje está escrevendo em cima da neve, amanhã esse escrito aparecerá no granito da mente do caráter dessas crianças.

1f) Dona Lourdes estava visitando a prima, moradora dum sítio onde havia muitas árvores frutíferas e muitas flores coloridas. Junto com a mãe, Lira, uma garotinha de seus sete anos acompanhava a prima pelo pomar daquela feliz vivenda. De repente Lourdes, a visitante, pergunta a prima Júlia por que aquela árvore do pomar era torcida. A menina toma logo a palavra e dá a resposta: "Eu acho" diz a criança, "que alguém deve ter pisado nela quando era garotinha".

1g) Eu fico imaginando quando aparecem tantas crianças diferentes, com o semblante triste, intranqüilas, nervosas, Os pais "pisaram na bola". Os vícios, as manias, os caprichos, os ciúmes doentios, foram herdados por aquele pequeno e indefeso ser. "Aquele que escandalizar um desses pequeninos", consciente, negligente e levianamente será réu de morte.

Saibam:

2a) Deus está pronto a perdoar e ajudar a qualquer pai e mãe, que humildemente desejam sair do lodo material e espiritual. Ele sabe das injustiças e os desejos de cada coração cristão. "Esforça-te que Eu te ajuda

2b) O bom caminho está no rumo da igreja, a sua igreja deve ser a extensão do seu lar. Logo de pequeno, os seus filhinhos devem ser levados ao templo.

2c) Ilustração:

Era uma alegre manhã de sábado. Augusto e Júnia levaram o seu garotinho à Escala Sabatina. Lá na porta da igreja alguns irmãos perguntaram a Júnia por que ela trouxera o William com apenas três semanas à igreja. A jovem mãe respondeu: "Para ele se habituar a sempre vir à igreja". Todos sorriram com a resposta da mãe do menino. Quarenta anos depois, o seu William estava ainda presente naquela igreja. O velho ancião com mais de 80 anos, disse no seu sermão naquele sábado: "Aqui presente está um senhor completando 40 anos de idade, sua mãe e o seu pai estão sentados aqui também, os seus cabelos já estão grisalhos. Há quarenta anos atrás o bebê William veio pela primeira vez ao culto, estava com apenas três semanas, quando perguntamos por que ainda tão tenro veio para a igreja; sua mãe nos respondeu: 'Para que ele sempre se habituasse a ir a igreja.' Nós rimos com as palavras de Júnia, mas graças a Deus que essa verdadeira e fiel serva de Deus pensava desta forma."

2d) A luta pela sobrevivência se torna cada vez mais áspera, o pão de cada dia parece que está cada vez mais distante e mais de difícil conquista. O pai batalha em uma direção, a mãe corre "de lá para cá", nas suas ingentes (desmedidas) tarefas cotidianas.

2e) Nesse corre-corre da vida geralmente as crianças são atropeladas e abandonadas, muitas vezes socorridas por pessoas de pouco conhecimento, e nenhum princípio religioso. Quando recebem orientações, esses pequeninos são vitimadas com ensinamentos doentios e pagãos.

3e) Os conselhos de Moisés às mães de Israel intimavam aos pais a assumirem a responsabilidade de seus filhos pessoalmente. "Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas." Deut. 6:6-9

3f) Esta mensagem de Deus é válida para a Igreja hoje.

"Trabalhem os pais unidos, incutindo no coração dos filhos os princípios da Justiça." (Review and Herald – 1911)

3g) Pelas palavras de Moisés e do Espírito de Profecia, deduzimos que a maior, a mais urgente e envolvente preocupação de cada mãe, de cada pai, deveria ser com os seus filhos, dispondo do seu coração, mente, sentimentos e desejos. Os pais precisam destinar tempo, paciência, amor, verdade para ensinar aos filhos as verdades eternas.

3h) Isto é sério: Deus entrega aos pais os filhos e nós teremos de apresentá-los a Deus no final do mundo. Esta realidade está lá em Isaías 8:18: "Eis-me aqui com os filhos que me deu o Senhor."

3i) Não nos esqueçamos: Quanto mais buscarmos ao Senhor, mais os nossos filhos se aproximarão de nós, e seguramente encontrarão a salvação.

"Porque dos tais é o reino de Deus."

3j) Faça um sentido apelo, buscando os pais o arrependimento e conversão.