CARIDADE? (PARTE II)
I Coríntios 13:3
I a) No verso que acabamos de ler, o santificado apóstolo Paulo adverte que, distribuir toda a fortuna própria para os pobres sem espírito de caridade não trás nenhum proveito. Isso só foi distribuição e não doação.
b) Conta-se que o príncipe herdeiro de um trono, cheio de orgulho, vestiu a brilhante armadura do pai, tomou nas mãos a espada do rei, montou no mais veloz cavalo e saiu em busca do "Santo Grau", o copo que, segundo a lenda medieval, Cristo usou na última ceia com os Seus apóstolos.
1. Era um desafio pessoal, conquistar e trazer aquele troféu da caridade cristã. Ao descer pela estrada encontrou um esfarrapado mendigo sentado ao lado do caminho. Imaginando ser caridoso, o príncipe arrogantemente atirou uma pequena moeda dentro do copo velho estendido do pedinte. Depois de vários anos de busca o príncipe, frustrado com seu orgulho desfeito, os bolsos vazios, a armadura enferrujada, o cavalo magro e mais velho, volta pela mesma estrada por onde arrogantemente anos atrás passara.
2. Surpreso verifica que, o mesmo mendigo ainda está ali, mais pobre e com o seu copo velho novamente estendido. O príncipe apeia do seu cavalo, assenta-se ao lado do velho esfarrapado dirige-lhes algumas palavras de felicidade. Tira do seu alforje o seu último pão e reparte com o faminto mendigo e antes de montar no seu cavalo e retornar ao reino do pai, tira do bolso a última moeda do mesmo valor daquela que anos antes dera ao mesmo mendigo, e a coloca respeitosamente dentro do copa do pedinte.
3. Ao fazê-lo, coisa maravilhosa acontece. O mendigo toma a semelhança do Senhor Jesus, e o velho e estragado copo que tem na mão torna-se no procurado "Santo Grau", a taça de Cristo buscada há tanto tempo pela príncipe.
4. Emocionado o príncipe beija as mãos do senhor. Humildemente montado em seu animal, vai para a sua casa e apresenta ao rei o grandioso troféu encontrado dentro das terras do seu próprio reinado.
c) Aquele príncipe aprendeu que:
1. A beneficência dá; a caridade ama.
2. A beneficência é um instinto natural do homem já civilizado. A caridade é mais, é uma virtude.
3. A verdadeira adoração só vale revestida de caridade, qualquer outra roupagem só a macula.
4. O fim da religião, a alma das virtudes, o compêndio da fé, o resumo da Lei é a caridade.
5. Ficou sabendo que: O caminho da caridade nasce na manjedoura, passa pelos pobres e oprimidos, morre no Gólgota numa sexta-feira, repousa num túmulo emprestado durante o sábado, e num domingo pela manhã ressurge ainda mais brilhante e belo.
II a) O apóstolo Pedro aconselhava aos fiéis dos seus dias, a que vivessem a caridade: "Mas sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados".1 S. Pedro 4:8.
b) Quando amamos intensamente, nós olhamos com simpatia os erros alheios, prolongamos até o nosso próximo a escada de anjos que vem dos Céus e chega até nós.
c) Amamos o pecador, apesar de odiarmos os seus pecados. Ajudamos o ferido a curar as sua chagas.
d) Um imperador da antiga Macedônia, mandou que um pintor lhe fizesse o retrato. Notando o artista que na fronte do monarca havia uma cicatriz e sabendo que ela fora produzida por golpes que recebera em combate na defesa da pátria, compadeceu-se dele e quis ocultar-lhe a deformação da fisionomia. Como conseguiu fazê-lo? Pintou o imperador com a cabeça recostada à mão, de maneira tal que um dos seus dedos cobrisse a cicatriz.
1. Quantas vezes a missão da caridade consiste em cobrir delicadamente os defeitos alheios.
2. Jesus disse na hora da sua extrema dor: "Pai, perdoa aos homens que estão Me sacrificando. Porque eles não sabem o que fazem". Naquele instante supremo a ardente caridade de Jesus procurava cobrir a mancha negra da injustiça judaica, intercedendo pela ímpia nação.
3. "A caridade tudo sofre, tudo suporta, a caridade nunca falha." Pois só esse tipo de amor ativo, amor permanente, amor eterno consegue finalmente salvar e construir para a eternidade.
e) São João, chamado o apóstolo da caridade, exclamou ao entender os mistérios de Deus: "Quão grande caridade nos tem concedido o Pai". I João 3:1.
1. Sim, a caridade de Deus se manifesta no silencioso crescimento das plantas, na quietude dos campos maduros de cereais, nos grandes pomares de frutos que sem ser percebido realizam os mais variados matizes; na cor, na forma e no sabor.
2. Mas, a suprema caridade de Deus foi ao adotarmo-nos como seus filhos, herdeiros legítimos do Seu reino.
3. Nós somos os filhos da luz, os herdeiros da eternidade, a nação santa de Deus, eleitos para a felicidade duradoura.
f) Mas a nossa legitimidade feita por Deus o Pai, nos coloca num patamar de imensas responsabilidades. Vejam:
1. Depois de chamar os Seus apóstolos, Jesus constrange-os a serem o sal da Terra e os faróis do mundo. E quão maravilhosamente eles corresponderam aos anseios do Divino Mestre.
2. Brilharam entre as enegrecidas consciências farisaicas, entre os ferozes e férreos romanos, entre os filósofos de Atenas e nos lugares mais humildes e incultos da Terra.
3. E essa chama transmitida pelos discípulos de Jesus, vem brilhando de mão em mão, iluminando os séculos dos séculos.
4. Dois mil anos de luz, de graça, de misericórdia, vivida por milhares de cristãos de todas as épocas.
g) Nós poderíamos falar de milhões de cristãos que brilharam nas fileiras do Cristianismo, mas vamos apenas recordar da senhora Catarina Lawes falecida em outubro de 1937. Essa senhora era esposa do senhor E. Lawes, o famoso diretor da grande prisão de Sing Sing. No dia do seu funeral aconteceu uma cena por demais comovente: Por 17 anos ela entrava e saía dessa famosa prisão fazendo caridade aos prisioneiros, aconselhando, ajudando nas suas necessidades materiais e espirituais, orientando e protegendo as famílias desses condenados.
Mas Catarina Lawes agora estava em sua mortalha. A notícia correu de cela em cela, o que causou melancolia e tristeza àquelas centenas de prisioneiros. Os sentenciados solicitaram através de um representante deles para assistir o sepultamento daquela que abaixo de Deus, era o seu conforto, a sua esperança. A permissão foi dada. Verificou-se o mais comovente cenário:
O grande portão sul da prisão de Sing Sing abriu-se lentamente e viu-se uma longa e silenciosa procissão: ladrões, vigaristas, assassinos e criminosos de toda espécie caminharam em direção a casa do diretor da prisão à distância de 800 metros. Não havia guardas. Não havia armas. Porém, nenhum daqueles homens quebrou a ordem. Quando chegaram puseram-se em fila e passaram diante do esquife. Cada um que passava, parava por alguns segundos defronte do caixão e com o coração partido e as lágrimas a lhe deslizarem pela face, cedia lugar ao próximo.
Voltando à fila, caminhavam de volta às suas celas solitárias.
h) Neste comovente fato, presenciamos emocionados a força do amor atuante, transformado em caridade permanente. Percebemos que o poder das armas, a agressividade das grades, a severidade da sentença, a violência dos guardas, não conseguiram convencer àqueles condenados das realidades da vida.
i) No entanto, aquela mulher, rainha da caridade que via nos condenados deprimidos, sofredores e sentenciados a muitos anos de prisão, a imagem distorcida e carente do Cristo que amava e por Ele trabalhava em caridade e graça, sem temor.
j) Sim, o sucesso de Catarina Lawes estava baseado no firme fundamento da caridade, a verdadeira misericórdia, o mais puro amor em movimento!
k) Pois segundo afirma: I S. João 4:18: "Na caridade não há temor, antes a perfeita caridade lança fora o temor".
l) Enquanto estiver alguém trabalhando com destemor e alegria, tudo terá sucesso, pois "Deus ama a quem contribui com contentamento e graça" e acrescenta São João no verso 16: "Quem está em caridade está em Deus e Deus nele".
m) No capítulo 5 de I São João verso 2, o apóstolo do amor, João, oferece a prova do verdadeiro amor: "Nisto conhecemos que amamos a Deus: se guardamos os Seus mandamentos".
n) Podemos deduzir que, só realmente ama a Deus e observa os Seus mandamentos aqueles que amam os filhos de Deus, em caridade e graça.
o) Podemos afirmar que, a verdadeira caridade, apesar de muitas vezes não ser vista mas é sentida, à semelhança da luz benfazeja do sol oculto entre as nuvens, que ilumina e aquece a Terra como o perfume das flores escondidas nas matas exalando odores agradáveis.
p) Esta verdade é comprovada pela presença do Espírito de Cristo, no coração do verdadeiro crente, do verdadeiro missionário.
q) "Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim", sentia Paulo.
Cristo é quem sofre em mim.
Cristo é quem ama em mim.
Cristo é quem viaja em mim.
Cristo é quem realiza todas as boas obras em mim.
Porque sem Cristo nada poderia fazer eu, "Cristo vive em mim", é a fé do Filho de Deus que está possuindo o meu ser todo, iluminando o meu caminho, comandando os meus sentidos, é o Senhor da minha vontade, realmente, "não vivo mais eu". Gàl.2:20.
r) Aqui está o clímax da caridade, o amor elevado ás mais sérias conseqüências do viver. Traspassou tudo o que há no homem, materializou-se em atos e ações de caridade e graça.
III a) Nós podemos concluir sem erros, quando afirmamos: "Praticai a verdadeira caridade, sem a qual ninguém verá a Deus".
b) Necessário se faz, limpar as nossas almas, despoluir os nossos sentimentos, livrar-nos dos preconceitos doentios, e alinhar as nossa vontade à soberana vontade do Divino Mestre.
c) Disse Jesus: "Eu vos dei o exemplo", no trato, no amor, no interesse santificado, na caminhada rumo ao perdido, na estrada estreita do sofrimento.
d) Ele realmente viveu a caridade, quando assumiu o lugar da condenada raça humana. Só se torna príncipe da caridade quando se assume a situação do condenado.
"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele". Isa. 53:4-5.
e) Enquanto não descermos do nosso orgulho, apearmos da nossa vaidade, não conseguiremos viver o verdadeiro amor cristão.
f) Porque a caridade tudo crê, tudo sofre, sem esperar e nunca falha.
IV a) Eu gostaria de convidar a todos aqueles que nos estão ouvindo a que comecemos hoje a prática da verdadeira caridade.
b) Vejam como fazê-lo:
1. Cumprimentando aqueles que vos amam e aqueles que vos odeiam.
2. Convidando pessoas para virem à igreja e receberem a cura do corpo e da alma.
3. Acompanhando pecadores nas suas aflições, chorando com os que choram, alegrando-se com os que se alegram. Para isso nós precisamos sacrificar o nosso mau gênio, destruir a nossa arrogância, aperfeiçoar os nossos sentimentos.
"Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus." Filip. 2:5.
4.1. E a melhor caridade, não é distribuir peixes, apesar que isso também é caridade, mas é ensinar o necessitado de peixe a pescar.
4.2. Ensinar a alguém os princípios da obediência, os princípios da verdadeira saúde, no comer e vestir.
4.3. Quanto possível ajudar aos carentes de trabalho a conseguir um meio de sobreviver corretamente. E aqui vai o conselho de Paulo: "Primeiramente os domésticos da fé". Col. 6:10
4.4. Há tantas pessoas, jovens especialmente, que se orientados amorosamente por pessoas caridosas estariam produzindo frutos dignos para a vida presente e sobretudo para a eternidade.
5. Esse trabalho cristão, que é requerido de nós, nas nossas palavras, atos e ações que muitas vezes parecem sem significado, serão a nossa força futura. "Sobre o pouco foste fiel sobre o muito te colocarei".
c) Quero repetir: Você gostaria de juntar-se a mim na grande jornada da prática da caridade permanente e eterna?
d) Vamos buscar ao Senhor Criador e Mantenedor de todos nós e vamos orar para sermos também caridosos.