"MEU REINO NÃO É AQUI"
João 18:36.
I a) Aconteceu no século XVII um fato bastante constrangedor, com o famoso humanista MURETUS. Ele fugiu da França e vivia na Lombárdia. Anos depois ele necessitou de auxílio médico, e procurou o hospital ali próximo. Chegou vestido de farrapos como se fosse um vagabundo. Não desejava ser identificado.
b) Os médicos que o examinavam discutiam o seu caso em latim, sem imaginar que aquele pobre pudesse conhecer essa língua de eruditos. Tendo de fazer uma experiência no doente, disse um dos médicos: "Faciamus experimentum in anima vil", isto é, "Façamos uma experiência nesta criatura indigna". O doente, mal vestido, era o famoso humanista Muretus, como já dissemos. Versado no estudo da humanidade Muretus surpreendeu os médicos quando respondeu em latim: "Vilem animou apellos pro qua Christus non dedignatus est more?", ou seja: "Indigna, uma criatura por quem Cristo não achou indigno morrer?"...
c) Jesus estava como lemos de início na presença de Pôncio Pilatos, governador romano da Judéia.
1. Aquela manhã, que precedia a páscoa forçou Pilatos a sair para fora e interrogar os judeus, acerca do homem trazido preso pelos soldados aquela noite.
2. "Então, Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis contra este homem?" João 18:29
O governador da Judéia estava perto do mais santo dos homens, do mais poderoso dos soberanos, do Rei dos reis, do Senhor dos senhores; porém, Pilatos envolto num manto de púrpura de ganâncias sociais, de desejos egoístas, e vontades comprometidas; não conseguia vislumbrar os valores eternos na pessoa do Deus-Homem, em pé, há poucos metros de distância. A justiça, o juízo, a harmonia, a salvação e a paz ante o injusto, o inseguro, o desequilíbrio, a ignorância, a perdição e o desespero.
d) Pilatos, o governador, desatinado olha para Jesus, a fiel testemunha, e pergunta: "És tu o rei dos judeus?"? (verso 33). E acrescenta: "Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste?" (verso 35). Calmamente Jesus respondeu: "O meu reino não é deste mundo. ... o meu reino não é daqui." (verso 36)
II a) Esta magna resposta, endereçada a Pilatos poderia terminar com todas aquelas manifestações desorientadas: "O meu reino não é daqui".
b) Meu interesse não é seu interesse, Pilatos! (promoção, dinheiro, glória, louros romanos).
"Meu reino não é daqui! Hipócritas religiosos, sacerdotes e príncipes de Israel; opressores do povo santo, o vosso evangelho é explorar as primícias dos simples e os recursos das viúvas e dos órfãos.
c) "O meu reino não é daqui"!... Povo oprimido, com palmas nas mãos", seguindo o rápido jumento que leva o Rei dos Céus.
d) "O Meu reino não é daqui!"... Discípulos que tateiam, entre a verdade e a vida, e as mentiras dos judeus: "O corpo do Mestre foi roubado?"...
e) "O Meu reino não é daqui"!... Miríades de crentes, seguidores de milagres do pão e dos peixes; na ânsia de satisfazerem necessidades imediatas.
f) "Meu reino não è daqui"!... Falsos líderes promotores dos seres terrenos, de favores humanos, de prosperidade passageira. Que vendem o Céu para os fiéis, e facilitam o inferno para os infiéis.
g) "Meu reino não é daqui"!... Cristãos vazios, personalidades ocas, fantasmas espirituais. "E nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel." (Lucas 24:21).
h) O mendigo de Lombárdia, era o famoso humanista Muretus de Paris; o desconhecido companheiro de Emaús era o soberano Rei da eternidade.
III Analise isso:
a) Enquanto a religião estiver com a sua contabilidade nas mãos de 'Judas', Cristo será vendido e entregue.
b) Enquanto os seguidores de Cristo estiverem escolhendo se assentarem à direita ou à esquerda de Cristo, no reino terrestre; a igreja continuará secularizada, materializada e terrena.
c) Enquanto os mais altos dignitários da fé, propositada e indignamente, interrogarem os fiéis, em nome de Deus, para os acusarem e hipocritamente rasgarem as suas vestes, Jesus será réu de morte. Luc. 26:63-66.
d) Enquanto eu estiver cantando uma coisa e fazendo outra, os resultados serão tristes.
e) Leia isto com atenção:
Cantamos: "Bendita hora de oração", e nos conformamos com 10 ou 15 minutos de oração por dia.
Cantamos: "Eis aqui, eu vou Senhor", no entanto esperamos que venham chamar-nos para o serviço de Cristo.
Cantamos: "Cantarei do amor de Deus" e permitimos que a menor das ofensas silencie o canta, e passamos a blasfemar.
Cantamos: "A qualquer lugar eu irei", e nos queixamos de ter muito que fazer na igreja.
Cantamos: "Oh, vem tu também a nova Jerusalém", porém faltamos à Escola Sabatina, à reunião de oração e ao sermão.
Cantamos: "Que segurança sou de Jesus", e nos angustiamos até ficarmos prostrados, com os nervos descontrolados.
Cantamos: "Eu quero trabalhar pro meu Senhor", e nunca convidamos alguém para vir à igreja.
Cantamos: "Sim, ajuda hoje a alguém", e nos conformamos com olhar para os circunstantes necessitados.
Cantamos: "Dá-me a Bíblia que eu tanto anelo", e a deixamos empoeirada na estante.
Cantamos: "Dá-me Cristo e toma o mundo", e continuarmos escravos da moda.
Cantamos: "Que mudança gloriosa em mim se operou", e acariciamos muitos pecados no coração.
f) Quando acontecer uma coincidência perfeita entre o que eu canto, o que eu falo, o que eu ensino, o que eu faço habitualmente aparecerão os milagres da nossa fé.
IV a) Emocionados recordamos de Abraão. O filho da obediência, que se tornou o Pai da fé. Possuidor de muitas riquezas, senhor de muitos animais e de muitos empregados; mas juntamente outros tantos justos, "confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra" Heb. 11:13.
b) No verso 16 Paulo acrescenta: "aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade."
c) Enquanto estivermos desejando e vivendo "os reinos deste mundo, e a glória deles" (Mat. 4:8), estamos sendo transportados pelo demônio, e sugestionados pelo arqui-inimigo de nossa almas.
d) Dentro deste mesmo fato dramático da luta entre Satanás e Cristo, nós desvendamos o segredo da vitória de Jesus: "ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás". Mat. 4:10.
"Todo ponto em que deixamos de satisfazer à norma divina, é uma porta aberta pela qual pode entrar [o nosso inimigo comum, Satanás] para nos tentar destruir." – O Desejado de Todas as Nações, pág. 125.
e) Leia isto:
Eis as palavras de um imperador, cuja glória passara; enquanto ele conversava com um dos seus generais: "Sim", dizia o ex-imperador Napoleão; "nossa vida fulgiu uma vez com toda a beleza, com todo esplendor da coroa e do trono... Mas, sobrevieram desastres...O ouro pouco a pouco se obscureceu, o reino do infortúnio apagou toda glória. Somos agora, simples chumbo, General Bertrand, em breve estarei no meu sepulcro, tal é a sorte dos grandes homens... Nossas proezas são tarefas dadas aos pupilos, pelo seu tutor, que se assenta em juízo sobre nós, dispensando-nos censura ou louvor... Morro antes do tempo; e meu corpo morto deve voltar à terra para se tornar alimento dos vermes".
Eis o próximo destino daquele que foi chamado o grande Napoleão. Que abismo entre a minha profunda miséria e a reino eterno de Cristo proclamado, amado, e que se estende por toda a Terra. E isto morrer? Não, é antes viver!
f) Napoleão, qualquer outro soberano ou pessoa humana, que colocar todo o seu interesse aos reinos da Terra e conseguir aumentar os seu podares materiais e exercer toda a sua autoridade de comando, ao ponto de serem os "donos do mundo".
g) No entanto, no caso da existência, frustrados, amargurados e decepcionados, curvar-se-ão ante a triste realidade: "O que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mateus 16:26).
h) Aparentemente todas as nossas necessidades são supridas pelos bens materiais; ainda que isso pareça real, a alma continuará faminta, desnutrida, e doente, caso esses mesmos dotes não transcendam os requisitos físicos e alimentem o espírito; construindo em cada pessoa o "campo", onde pousará a eternidade.
i) Jesus avisa aos viajantes da fé: "Porque o filho do homem virá na glória do Seu Pai, com as Seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras." (Mateus 16:27).
V a) Quando Jesus pregou: "Mas buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça" (Mateus 6:33), estava ensinando a todas as gerações, a partir daquela data que:
1. A verdadeira grandeza está no prazer de servir, e não na felicidade de ser servido. (Mateus20:28).
2. E que, a comida e a bebida do justo é fazer a vontade do Pai Celeste. (João4:34).
3. "Deleito-me em fazer Tua vontade". Mostrava o Divino Mestre, que "um pecador arrependido traz alegria nos Céus; mais do que noventa e nove justos sem necessário arrependimento" (Lucas 15:7).
O humilde vai adiante da glória, mas a soberba precede a queda.
4. Jesus acreditava e vivia; pela fé que foi legada aos mártires de todas as épocas, chegando "esta fé de Jesus até os remanescentes da verdade. (Apocalipse 14:12).
5. a) Se você espera o reino que não é deste mundo (João 18:36), você:
b) Não aceita afrontas (mentiras) contra o seu irmão, mas aproxima-se para ajudar e salvar a ovelha perdida.
c) Você não murmura nem reclama, mas tem um hino de fé e de esperança, à semelhança do nosso poeta ao escrever aos brasileiros:
Já podeis da pátria, ó filhos
Ver contente a mãe gentil
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Como filhos da Pátria Celeste, já podemos sentir o raiar do novo tempo, da nova geração só de justos e santos, em todos as quadrantes da terra.
d) Sim amigos chegou a hora, de com grande voz temer a Deus e dar-Lhe glória porque, o reino de Deus está próximo de acontecer, com toda a Sua glória e a presença das anjos celestes.
VI a) Meus irmãos, antes de terminar gostaria de perguntar a mim e a todos os presentes: Estou eu em busca do Reino de Deus? Estamos nós em busca do reino de Jesus, que não é daqui? "Meu reino não é daqui". Se a resposta for positiva. Ouçam isto:
b) Era Sábado em Angola, umas quinhentas pessoas se haviam reunido no improvisado tabernáculo de teto de palha. Tocando uma campainha e cantando os hinos de Sião, enquanto caminhavam das várias direções do mato, grupo de irmãos. O chefe principal e sua comitiva estavam localizados no centro, e todos escutavam a pregação sobre o reino de Deus e seu amor pelos seus filhos.
A certa altura da pregação, o orador solicitou alguns testemunhos dos presentes. Uma irmã nativa foi para frente levando uma grande efígie (imagem) de madeira de um sacerdote fetichista, vestido com todos os paramentos de seu corpo.
Em alta voz, e cheia de emoção, aquela irmã, ex-pagã, nativa exclamou: "Esses eram os nossos deuses, os quais adorávamos antes de conhecermos o Deus vivo". Nossa esperança estava firmada nesses ídolos de madeira. Hoje nós adoramos ao Deus vivo, aguardamos a Seu reino, o reino que não é daqui deste mundo doente e falso. Nós agora conhecemos o caminho da eternidade, Jesus, a verdade e a vida. O reino de Jesus será estabelecido, e então, só então nós reuniremos com Ele.
"Obrigada, irmãos Adventistas, pelo seu grande esforço em atravessar rios e lugares difíceis e habitarem conosco, nos trazendo esforço de grande alegria."
Aquela manhã de Sábado foi uma benção em Angola – África.
c) Eu queria apenas repetir algumas frases daquela mulher, ex-serva das trevas que agora se regozijava com a luz da verdade. Disse ela: "Esses eram os nossos deuses, aos quais servíamos e amávamos, hoje amamos ao Deus Criador da Universo.
d) Podemos nós hoje apontar os deuses falsos que amávamos: a vaidade, o orgulho, a mentira, a falsidade, o engano, a prostituição, o roubo, a egoísmo e a avareza e dizer: Agora adoramos ao Deus vivo, o Criador do Universo, o Senhor, Rei da Terra, do Céu e do Mar?...
e) Oremos para que isso aconteça aqui, hoje, neste lugar.